Com inauguração prevista para a próxima segunda-feira em São Paulo, o restaurante Attimo é a nova empreitada do chef Jefferson Rueda (ex-Pomodori), em parceria com o restaurateur Marcelo Fernandes. Já havia comentado aqui sobre meu entusiasmo a respeito desse projeto de Rueda, que foi buscar em suas raízes a essência da cozinha da nova casa, a que se refere como “ítalo-caipira”. Por caipira entenda-se o italiano do interior de São Paulo. A ideia do chef é unir as duas Itálias que povoam sua vida: a de lá e a de cá. E juntar o melhor da cozinha clássica italiana ao melhor da nossa cozinha caipira.
Embora a abertura para o público ainda não tenha acontecido, os fogões vêm sendo aquecidos nos últimos dias, numa espécie de pré-estreia. Estive lá a convite da casa e pude ver a concretização do trabalho idealizado por Rueda, que conta com a valiosa colaboração da chef pâtissière Saiko Izawa (ex-DOM). Deixo aqui minhas primeiras impressões, sem a pretensão de um relato crítico isento – não só pelo fato de ter ido a convite, mas porque visitei o restaurante antes de ser inaugurado oficialmente.
Confesso que o ambiente me causou estranheza. Particularmente, achei empolado demais em relação à proposta de Rueda. A sensação que me ficou foi de um descompasso entre a estampa do salão e o conceito da cozinha. Essa talvez seja a única ressalva que eu teria a fazer nessa minha visita ao Attimo. No mais, devo dizer que me surpreendi muito com o que encontrei. Não esperava deparar com serviço tão eficiente e cozinha tão afinada, considerando tratar-se de um restaurante ainda sem certidão de nascimento. Presenciei falhas, claro, mas foram pouquíssimas.
A satisfação maior foi a de ver na mesa a materialização de uma boa ideia. Embora tenha conhecido apenas uma pequena amostra do cardápio – e apesar de os pratos principais que experimentei serem mais “ítalo” que caipiras –, pude ter uma boa noção do que estava na cabeça do chef. E gostei do que vi.
Entre os petiscos que vão protagonizar o cardápio do bar da entrada, provei gostosos pastéis, deliciosos pães de queijo com linguiça e as melhores coxinhas de galinha (caipira, claro) de que tenho notícia nos últimos tempos. Sem exagero.
Gostei também do couvert: pururuca crocantíssima, bons pães (de cenoura, de batata, de torresmo), tomates defumados e fatias de speck.
A canja de galinha com bolinhos de mini arroz não me disse muito. Sutil, perfumada, mas faltava sabor.
Boas mesmo estavam as massas que vieram em seguida. Levíssimos os gnocchi que abocanhei antes de me lembrar de fotografar... Ainda melhor estava o ravióli de nata com pappa al pomodoro (que, se não me engano, já havia estrelado o cardápio do Pomodori), extremamente delicado.
Na milanesa de vitela com arroz de funghi, o único senão foi a fritura, que passou do ponto.
As sobremesas de Saiko garantiram um belo desfecho à refeição. A banana da terra caramelizada vinha acompanhada de deliciosa paçoca de amendoim pilado e um soberbo sorvete de banana. Na sequência, uma inspiradora versão de affogato: delicado sorvete de cumaru com crumble de amêndoas e chocolate branco queimado, que recebiam, à mesa, um banho de café.
Sem dúvida, foi um almoço que me deixou o desejo de ir além, explorar o cardápio da casa. Saí com vontade de voltar.
Attimo – Rua Diogo Jácome 341- Vila Nova Conceição – São Paulo
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