Fazia tempo que eu queria conhecer a Feira de São Joaquim. Trata-se da maior feira livre de Salvador, de onde é impossível sair indiferente. Estive ali por cerca de uma hora (o que é muito pouco se considerarmos seu tamanho), em constante estado de assombro.
As instalações são imundas e cheiram mal. Mas, em todo canto, havia beleza esbarrando na feiura, brotando no meio da desordem, ainda que, muitas vezes, sob o véu do estranhamento. Falo do inebriante colorido das pimentas, das frutas, das garrafas de dendê, das montanhas de camarões secos. Dos detalhes da própria arquitetura do lugar - a sujeira e o descuido desbotam, mas não escondem o belo piso de parte da feira e os azulejos que cobrem as paredes de algumas bancas. Das pessoas que povoam o mercado. Da mistura do sagrado com o mundano, tão presente em Salvador e que a feira tão bem sintetiza.
Sentimentos conflitantes me acompanharam ao longo da visita. Ora me impressionava com a riqueza cultural que se manifesta ali, ora me entristecia com o abandono que devora aqueles corredores e as vidas que os habitam. A feira resume o Brasil, um retrato lindo e triste do que somos.
O peculiar amálgama de exuberância e decadência revelava, a cada passo, cenas que capturariam mesmo o olhar mais desatento. As fotos estavam todas ali, prontas. Meu único esforço foi enquadrar e clicar.
Feira de São Joaquim – Avenida Engenheiro Oscar Pontes s/n (estacionamento em frente à feira, na altura do nº 335 da Avenida Jequitaia)