Jantar no Anchor & Hope é programa pra quem tem paciência. Não fazem reservas e a fila na porta é grande. O pub é adorado por londrinos e turistas. Ainda na calçada, eu começava a entender por quê. Apesar de não gostar muito de lugares lotados e barulhentos, o ambiente informal, festivo, vibrante me sugeria que a espera, ali, valeria a pena. De fato, valeu. Tanto pela atmosfera do lugar como pela ótima comida.
Do cardápio tão enxuto quanto interessante (e, diga-se, de preços bem convidativos), começamos com uma entrada que unia beterrabas, vagens crocantes, queijo de cabra e farofa de pão. Cada elemento denunciava frescor e execução precisa. Mas, todos juntos, fizeram por mim mais, muito mais do que cada um faria sozinho. E devo dizer que as beterrabas – assadas com casca em um pouco de vinagre – eram das mais doces que já comi.
Em seguida, junto com a enorme steak pie, veio o silêncio. Duas pessoas pareciam pouco praquela briga. Nós nos olhávamos e duvidávamos da nossa capacidade. Começamos. E o silêncio permaneceu à mesa, agora, por outros motivos. O medo da derrota dava lugar a um tremendo prazer – do tipo que rouba as palavras, emudece, não deixa espaço sequer pra interjeições ou grunhidos. Massa amanteigada e crocante, deliciosos nacos de carne, caldo perfumado. Fomos até o fim.
Ainda restou espaço pra uma singela fatia de torta de chocolate.
O melhor de tudo foi ter saído com a impressão de que a diversão não acontecia só no salão. Acomodada ao lado da cozinha aberta, observava a movimentação da equipe, o vai e vem de pratos. E via nos rostos dos cozinheiros uma alegria incomum. Sei não, vocês podem pensar que estou romanceando, mas eu poderia jurar que aqueles caras se divertiam à beça com o que faziam...
The Anchor & Hope - 36 The Cut – Waterloo
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