The Modern: impecável de fio a pavio

Junho 2011

A gente vive à caça de novidades. Mas não é raro que de velhos conhecidos saiam algumas das experiências mais prazerosas numa viagem. A expectativa da surpresa dá lugar à tranquilidade de se estar num lugar sobre o qual já se tem referências. E isso também tem o seu valor. Afinal, não é todo dia que acordamos querendo ser surpreendidos.

Foi essa a sensação que marcou meu almoço recente no The Modern, impecável restaurante anexo ao Moma, em Nova Iorque: a de que é o tipo de restaurante aonde se pode ir sem medo e de onde sempre se sai feliz ou, ao menos, bastante satisfeito. Pode-se gostar mais ou menos desse ou daquele prato, por particularidades que dizem respeito ao paladar de cada um ou a questões outras. Mas, provavelmente, não haverá lugar pra decepções dentro daquilo que está ao alcance do restaurante fazer por nós. Sim, porque das nossas idiossincrasias cuidemos nós que isso não é problema de restaurateur algum, certo?

O prazer começa no cenário. A profusão de ternos e gravatas no salão poderia conferir um ar excessivamente formal à casa, mas isso, felizmente, não acontece. A beleza impactante do ambiente, os fartos arranjos de flores, as paredes envidraçadas que revelam o jardim de esculturas do museu – e parecem convidar a cidade a entrar –, fazem com que o ar corporativo da fauna que transita por ali seja um mero detalhe. Aliás, no momento em que o pão aterrissar em sua mesa, você nem lembrará mais o que é um terno ou uma gravata. Desde o pão até as mignardises, tudo ali transcorre como se espera de um grande restaurante.

Minha entrada foi um dos pontos altos do almoço. Raviólis de ricota e ramps, finalizados com beurre noisettte e uma chuva de parmigiano. Tudo extremamente sutil. A massa de uma delicadeza impressionante.

Em seguida, mexilhões, lascas de amêndoas e vinagrete de harissa sobre uma cama de Cardoncello, num prato cheio de sabor e equilíbrio: tudo na medida, nada fora de lugar.

O duo de foie gras e pombo em crosta crocante vinha ladeado por minilegumes, no que mais parecia uma tela do que um prato. Me agradou mais o foie gras que o pombo. Os legumes, cada um no ponto certo, perfeitos.

Pra encerrar, sobremesas irretocáveis.  Ainda não sei dizer qual delas era melhor. Se o palet de chocolate com baunilha e sorvete de caramelo salgado...

...ou o parfait de caramelo com sorvete de cítricos e pérolas de tapioca.

Das mignardises já não me lembro em detalhe. Só sei que devorei todas.

 

The Modern – 9 West 53rd street
http://www.themodernnyc.com/

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