Estive em Belém por alguns dias nesta última semana. Pouco tempo pra absorver uma cultura tão diferente da minha realidade de cria do asfalto carioca. Mas o suficiente pra voltar minimamente chacoalhada. Algo envergonhada por perceber que sei do que se passa no Brasil menos do que gostaria. Ao mesmo tempo, feliz por conhecer um tantinho mais que seja do meu país. Não tenho a arrogância de achar que voltei profunda entendedora da cultura paraense, inclusive a gastronômica. Mas voltei sabendo alguma coisa mais do que sabia dias atrás.
Numa cidade tão rica sob tantos aspectos, vi muita pobreza, muita sujeira, muito descaso. Mas vi também muita beleza. Seja na arquitetura de outros tempos ou na pujança da natureza. E, claro, comi exageradamente – comer é das melhores coisas que se pode fazer em Belém. Diante de mim, todo um universo de sabores extraordinários e pouco familiares, alguns deles – confesso – de difícil compreensão pro meu paladar. Certamente, de tudo que experimentei nesse curto espaço de tempo apreendi pouco. Mas me emocionei muito. Inclusive com a espontaneidade e a generosidade do povo, dos mais acolhedores com que já me deparei. E, especialmente, com a profundidade com que o belenense mais humilde se relaciona com a comida. Ao menos foi essa a impressão que meus breves (mas intensos) dias na cidade me deixaram. A cultura gastronômica local me pareceu enraizada nas entranhas daquelas pessoas simples, pra quem a consciência de coisas como sazonalidade não se aprende em cartilha, mas é algo intuitivo, está no sangue.
Por ora, tudo mais que eu poderia dizer deixo por conta das imagens. Até porque estou escrevendo um roteiro gastronômico da cidade pra revista GQ e ainda não posso entregar o ouro aqui. Mais adiante, eu volto e conto em detalhes tudo o que vi e comi por lá.
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