Maní: cada vez melhor

Outubro 2012

Maní

A cada retorno ao Maní, aumenta minha convicção de estar diante do que considero um restaurante perfeito – ou quase perfeito, se entendermos que perfeição é meta inalcançável. 

Já disse isso em outras oportunidades, mas não me canso de repetir: acho admirável a sabedoria que tiveram Helena Rizzo e Daniel Redondo em tirar a seriedade do salão e acomodá-la inteiramente onde, de fato, é fundamental: na cozinha. O resultado é coisa rara: come-se muitíssimo bem num ambiente leve, nada burocrático, absolutamente desprovido de afetação.

Maní

Maní

A comida é tudo o que se pode esperar de um grande restaurante: pratos inspirados, esteticamente impecáveis e sempre saborosos. Não digo que não possa acontecer, mas, particularmente, jamais vi ali um prato em que sobrasse conceito e faltasse sabor. A dupla de chefs cria, ousa, mas sabe fazê-lo sem transformar o ingrediente algo que ele não queira ser.

Dito isso, vocês podem imaginar minha felicidade num almoço recente na casa, quando, acomodada no poético quintal, tive a sorte de dividir a mesa com dois amigos tão comilões quanto eu, que aceitaram minha proposta de que compartilhássemos todos os pratos. E não foram poucos.

Maní  Maní

Começamos com um trio de entradas. O frescor e a doçura da sopa fria de jabuticaba com camarões no vapor de cachaça. Depois, nhoques de mandioquinha e araruta em dashi de tucupi, prato de impressionante equilíbrio e delicadeza. Enfim, o calor e o conforto de uma soberba canja coroada por um belo ovo a baixa temperatura.

Maní  Maní

Maní  Maní

Maní  Maní

Seguimos com o peixe do dia, cherne fresquíssimo, acompanhado de cebolas e batatas-doces na brasa e coalhada de leite de cabra. Ainda, o famoso “Maniocas”, que eu jamais havia provado: raízes e tubérculos assados (cenoura, beterraba, mandioquinha, inhame) com espuma de tucupi e leite de coco. O tucupi quase não se notava, mas o prato era extremamente saboroso e revelava o melhor de cada elemento.

Maní

Maní

Na bochecha de boi com mandioquinha e terra de banana nanica, o único senão do almoço. Embora a textura da carne estivesse impecável, praticamente não havia sal. Difícil evitar a comparação com o próprio Maní, onde comi em visita anterior, uma das melhores bochechas de boi de que me recordo.

Maní

As sobremesas são um capítulo especial no Maní. É raro encontrar, no Brasil, restaurantes onde a confeitaria seja tratada com a mesma atenção que os chefs dispensam à cozinha salgada. A casa de Helena e Daniel é uma exceção à regra. Tanto que nosso primeiro pedido, um tanto contido, sofreu uma emenda no meio do caminho e, em vez de duas, acabamos por compartilhar quatro sobremesas.

Começamos com aquela intitulada “Da Lama ao Caos”, tão deliciosa quanto inusitada. Doce de berinjela defumada, coalhada de leite de cabra, pistaches caramelizados, sorvete de gergelim preto. 

Maní

Em seguida, uma gostosa versão do tradicional Rei Alberto - purê de ameixas, doce de ovos, creme de baunilha, morangos, suspiro. E um flan de queijo Canastra com sorbet de goiaba.

Maní  Maní

Não resistimos a encerrar com “O Ovo”, clássico do Maní, sobremesa à qual retorno sempre que tenho oportunidade: sublime sorvete de gemada mergulhado em espuma de coco.

Maní

Não sei se seria capaz de apontar, hoje, um restaurante melhor no Brasil.

 

Maní – Rua Joaquim Antunes 210 – Pinheiros

http://www.manimanioca.com.br

por: Arthur em 08-10-2012
Cons,
Só um post desse para me trazer a caixa de comentários de blog de novo. Eu sempre leio, mas perdi o hábito de comentar.

Eu concordo com você acho q o Maní é o melhor restaurnate da atualidade aqui, e simplicidade do salão é quase comovente.

Ouso dizer que eles são mais constantes que o DOM e infinitamente que o Fasano.

Dito isso, eu tenho alguns amigos q acham a comida muito sútil, já eu fico besta com a capacidade deles de conseguirem isso.

Bjs
Tuca

ps: o tag esta Mian Mian....
por: Constance em 08-10-2012
Pois é, Tuca, estamos de acordo: acho comovente a simplicidade do ambiente. Me sinto muito bem ali. Também acho um restaurante superior ao DOM e ao Fasano.
Ah, obrigada pelo toque da tag. Vou checar que bug foi esse...
por: Bruno Camargos (Notas de Sabor) em 08-10-2012
Constance, acompanho seu trabalho há um tempinho.

TAmbém ouso dizer que você é uma das pessoas que melhor usa as palavras para relatar sua experiências gastronômicas!

Parabéns e continue nos inspirando!

Depois dá uma passada no meu blog: http://www.notasdesabor.com.br
por: Constance em 09-10-2012
Obrigada, Bruno. Vou lá te visitar, sim.
por: Katia Albuquerque em 10-10-2012
Você está me tentando! Em novembro, qdo voltar à SP vou ao Mani, com certeza.
Obrigada por nos entregar estas dicas.
por: Bruno em 10-10-2012
Já foi ao Alloro Constance? Tenho ouvido muito sobre este restaurante (acaba de ganhar como melhor italiano na veja rio) e gostaria de saber a sua opinião se for o caso. Obrigado.
por: Constance em 10-10-2012
Vá ao Maní, sim, Kátia. Não vai se arrepender.

Bruno, ainda não estive no Alloro, mas irei em breve. Pode deixar que conto aqui.
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