No comando da famosa casa em Olinda, o chef César Santos percorre as vertentes da cozinha pernambucana, do litoral ao sertão, tendo como norte o propósito de conferir-lhe atualidade e leveza através de uma abordagem bastante pessoal, nada ortodoxa.
Gostaria de ter experimentado mais coisas, mas os pratos são grandes e, mesmo tendo feito duas visitas ao restaurante, não haveria fôlego pra tudo o que queria provar.
Nas duas vezes, não resisti aos bolinhos de charque com macaxeira, cuja massa é uma mistura dos dois ingredientes. Deliciosos.
Entre os jerimuns recheados, especialidade da casa, optei pelo de linguiça matuta. Acabei cometendo um pleonasmo gastronômico e pedindo também uma porção de farofa de jerimum, tão pernambucana. Adoro abóbora, não pude evitar. Trata-se de uma “farofa” cremosa, justamente por haver mais abóbora que farinha. Muito gostosa.
Mas o melhor entre os pratos que experimentei foi a versão litorânea do baião de dois. Pescada amarela, camarão, lagostim e polvo, puxados no leite de coco, com arroz, feijão verde e queijo coalho ralado. Prato rico, saboroso, cujo único deslize era o ponto do peixe e dos frutos do mar, que pediam menos tempo de fogo.
As sobremesas não me empolgaram. A “baba-de-moça com quero-mais-neguinho”, mistura um gostoso doce de coco verde, sorvete de tapioca (nem tão gostoso), bolinho de goma e cocada preta. Provei, ainda, a cartola, sobremesa que adoro, mas que, ali, apesar de boa, era excessivamente doce.
Particularmente, acho que alguns elogios entusiasmados da imprensa nacional e internacional ao Oficina do Sabor podem levar o visitante a esperar mais do que vai, de fato, encontrar. Mas é um bom restaurante, que cumpriu o papel de ser um precursor na proposta de atualização da cozinha regional pernambucana. E que, por isso mesmo, tornou-se endereço incontornável na rota de quem esteja de passagem por Recife e Olinda.
Oficina do Sabor – Rua do Amparo, 335 – Cidade Alta – Olinda