Confesso que me dirigi à filial nova-iorquina do Eataly com uma dose de entusiasmo e outra de desconfiança. Há bastante tempo, alimento o desejo de conhecer a matriz do mercado, em Turim, no Piemonte. A sucursal norte-americana, que abriu as portas no ano passado pelas mãos de Mario Batali (entre outras), se por um lado me permitiria satisfazer em parte o meu desejo, por outro me cheirava a algo como uma versão disneyworldizada do Eataly. Pra quem conhece o mercado piemontês, pode ser que prevaleça mesmo essa última sensação. Mas pra mim, que travava, então, o primeiro contato, prevaleceu o entusiasmo. Talvez porque não tenha cometido o equívoco de buscar ali a alma italiana, coisa que eu não iria encontrar. Bastava-me ter à disposição alguns dos sensacionais produtos que o país apresenta ao mundo, num mercado com estrutura pra ninguém botar defeito – e que americano é bom em fazer mercado, isso ninguém há de negar...
Admito que nos primeiros momentos fiquei meio aturdida com o excesso de gente e de decibéis. Mas foi só ver um torrone piemontês aqui, um gianduiotto ali, e isso foi ficando menos importante. Vale a pena perder-se por algumas horas entre aquelas prateleiras...
Digo mais: vale a pena ir de estômago vazio e fazer um percurso entre as diversas estações que se espalham pelo mercado, cada uma com uma especialidade: queijos e prosciuttos, vegetais, massas, confeitaria, sorvetes, café. Foi o que fiz.
Comecei com deliciosas bruschettas de burrata com ramps...
Segui com um panino feito com focaccia crocante, mozzarella, cebola, pimentões vermelhos, alho confit, abobrinha.
E quando achava que já ia embora, a estação de queijos e salumeria me chamou de volta. Atendi prontamente e a resposta foi uma tábua com inacreditáveis nacos de parmigiano, gorgonzola, ricotta, presunto de Parma, San Daniele, speck e, pra acompanhar, geleia de figos, confit de limão e um mel aromatizado com amaretto. Ainda não me saiu da memória a ricotta absurdamente cremosa contracenando com aquele mel de amaretto...
E se, por acaso, você se der conta de que entrou no Eataly no início da tarde e saiu já no final dela, é atravessar a rua e aguardar o por do sol acomodado num banco do Madison Square Park, de camarote pro Flatiron Building, um dos prédios mais lindos de Nova Iorque.
Eataly NY – 200 5th Avenue (na altura da 23th street, em frente ao Madison Square Park).
http://eatalyny.com/
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