Acredito que os lugares que nos marcam verdadeiramente seguem vivos dentro de nós por muito tempo, antes que as lembranças comecem a se dissipar na espuma dos dias. Foi assim com o hotel Casa Oaxaca, onde estive em dezembro passado. Parece que foi ontem. Quase posso sentir o perfume e o calor do chocolate de agua com que se iniciavam minhas manhãs.
O desjejum, servido no pátio da bela construção histórica (que no passado acolheu trabalhadores empenhados no erguimento do Convento de Santo Domingo), era um exercício diário de descobertas. Eu alimentava minha zona de conforto com uma generosa xícara de chocolate (com chiles, especiarias e água – em vez de leite) e deliciosos pães com consistência de bolo (ora de nozes, ora de banana), que chegavam ainda quentes no cesto. Depois disso, me permitia aventurar por sabores que, quando não eram absolutamente inéditos pra mim, eram pouco familiares em sua forma mais autêntica.
Me encantei com o mamey, que descobri ser da família do sapoti, uma de minhas frutas favoritas. Me surpreendi com a quantidade de salsa que escondia os chilaquiles. Devorei as delicadas quesadillas. Duvidei que fosse uma boa ideia começar o dia com uma caçarola de feijão preto, mas ainda assim tomei uma colherada – e, confesso, sonhei com um improvável almoço em que me trouxessem uma boa porção de arroz branco com um tanto daquele feijão.
Ali tive ainda o prazer de experimentar, como acompanhamento de outras refeições, as melhores tortillas e tostadas que me foram apresentadas durante a passagem pelo México. Não houvesse tantos bons motivos para desejar voltar àquele lugar, este seria suficiente.
Casa Oaxaca – García Vigil 407, Centro Histórico - Oaxaca