Ao cruzar a entrada do Miznon, fui confrontada com o amadorismo da minha escolha: de última hora, eleger pro almoço de domingo um dos endereços mais comentados do Marais recentemente. Encontrei salão lotado, fila no caixa pra fazer os pedidos e considerável espera pra recebê-los. Tivesse pensado um pouco mais, teria tido a sabedoria de programar a visita numa tarde no meio da semana. Mas a fome me fez vencer o ímpeto de ir embora.
A lotação nos horários de pico não deixa dúvida de que o sucesso do fast-food contemporâneo criado pelo chef Eyal Shani em Tel Aviv se repete em Paris. Não é difícil entender por quê. Apesar da alta concentração de hipsters por metro quadrado e do serviço confuso, o conceito é interessante e a comida é realmente boa.
Grande parte do enxuto cardápio é dedicada a sanduíches no pão pita, com opções de recheios de carne, peixe e vegetais. Experimentei o kebab da casa, em que o excelente pão ganha a companhia de deliciosas almôndegas de cordeiro. A versão de boeuf bourguignon me intrigou. Por que tirar o clássico do prato e metê-lo num sanduíche? A curiosidade venceu, resolvi provar. O resultado é meio feio, bagunçado, difícil de abocanhar, mas, afinal, muito saboroso.
Os vegetais grelhados e assados revelam-se mais que meros acompanhamentos e brilham tanto quanto os protagonistas no cardápio do Miznon. A couve-flor, campeã de vendas, faz jus à fama que tem, mas a batata doce assada, quase um purê, estava ainda melhor. Roubou a cena.
Miznon – 22 rue des Ecouffes – 4ème
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