BLEND – A hamburgueria da moda em Paris não me impressionou. A alta expectativa – potencializada pela fila de quase uma hora, à espera de um dos poucos e disputados lugares –, talvez tenha tido peso na decepção, mas não acho que tenha sido só isso.
Experimentamos o Melt e o Cheesy. O primeiro trazia gruyère, cebolas caramelizadas e maionese de alho. Bom pão feito na casa, bom hambúrguer, embora pudesse estar menos passado. Sanduíche gostoso, mas não especial. Melhores hambúrgueres eu comi no Irajá, no Rio, e na Z Deli Sanduíches, em São Paulo, pra citar exemplos recentes.
Quanto ao Cheesy, achei ruim mesmo, além de não entregar o que promete. O cheddar indicado no cardápio não era cheddar de fato, mas uma estranha mistura de creme, queijo e bacon...
Pode ter sido falta de sorte. O fato é que saí com a impressão de que a casa é mais fama que proveito.
MAN’OUCHÉ – Curioso como somos capazes de passar inúmeras vezes por um lugar sem enxergá-lo. Foi assim com o Man’Ouché. Tantas vezes cruzou meu caminho, e nunca havia atentado para o pequeno balcão na rue Rambuteau. Uma dica surrupiada de conversa alheia me levou até lá. Sim, confesso, sou dessas que prestam atenção em conversas de terceiros, seja nas redes sociais, seja nas mesas vizinhas em um restaurante. O mau hábito já me garantiu boas risadas, algumas reflexões e, eventualmente, dicas preciosas de lugares mundo afora. A do endereço em questão foi dada pelo Luiz Horta, já não lembro a quem, no Instagram. Anotei, fui conferir e, como gostei, ponho na roda.
Como eu dizia, trata-se de um pequeno balcão cuja estrela é o manouche, especialidade libanesa, um tipo de sanduíche feito com pão assado na hora na chapa saj. Vê-se a fina folha inflando, debaixo de uma camada generosa de azeite e zaatar – o recheio mais tradicional. O meu recebeu ainda uma porção providencial de coalhada seca.
A apoteose da comida de rua: rápido, barato e gostoso, muito gostoso.
CAFÉ POUCHKINE – Milagrosamente, havia dois lugares à nossa espera junto ao diminuto balcão da filial parisiense do café de Moscou. Pude, enfim, experimentar famoso o Medovick, bolo russo que alterna deliciosas camadas de biscuit de mel de trigo sarraceno com uma espécie de creme azedo e um doce à base de leite e caramelo. Uma delícia.
LA PÂTISSERIE – Na confeitaria do chef Cyril Lignac, tudo é esteticamente impecável. Nem tudo é tão gostoso como a estampa pode sugerir. Da linha mais autoral, nada do que provei me entusiasmou muito. Mas experimentei ali um bom cookie e um ótimo kouign-amann.
DU PAIN ET DES IDÉES – Eis o tipo de padaria que, em momentos de surto de otimismo, eu espero ter um dia no meu bairro. A fila na entrada, a frase presa à porta (“Parce que la boulangerie est affaire d’amour et de poésie...”) e o bom gosto do salão à moda antiga antecipam o que se vai encontrar ali.
Era começo de janeiro e as galettes de rois tomavam conta das vitrines. Minha escolha não poderia ser outra. Massa folhada perfeita, soberbo recheio de amêndoas. Esse, o sublime bocado com que me despedi de Paris desta vez.
Blend – 44 rue d'Argout – 2ème
Man’Ouché – 63 rue Rambuteau – 3ème
Café Pouchkine – 64 Boulevard Haussmann (dentro da Printemps) - 9ème
La Pâtisserie by Cyril Lignac – 24 rue Paul Bert – 11ème
http://www.lapatisseriebycyrillignac.com/
Du Pain et des Idées - 34 rue Yves Toudic – 10ème
http://www.dupainetdesidees.com/