Sexta-feira é dia de bistronomia no Roberta Sudbrack. Por R$89,00, o menu de almoço traz entrada, prato e sobremesa. E mais algumas surpresas a pontuar a refeição. Pequenas delicadezas que fazem toda a diferença. Ao menos pra mim, que acho que muito do que interessa na vida está nos detalhes.
Almocei lá num desses dias inspiradores, em que o Rio de Janeiro consegue estar ainda mais bonito que o habitual, o que fez meu almoço assumir um tom de celebração: por viver nessa cidade, por poder presenciar aquele dia. Muita gente pode achar esse papo completamente piegas, mas a verdade é que acredito mesmo que as verdadeiras celebrações são aquelas que não se submetem a calendários e convenções. É raro nos darmos conta disso. Mas, quando acontece, é pra agarrar o momento na unha. Por sorte, minutos antes de entrar ali, eu me dei conta de que aquele era um dia a ser celebrado. E, acidentalmente, eu havia escolhido um dos melhores lugares na cidade pra se fazer isso.
Começamos com fatias finíssimas de um salaminho artesanal (do Rio Grande do Sul, se não me engano...) que era um absurdo de bom.
Em seguida, canjiquinha cremosíssima coroada com ovas de salmão. Servida numa panelinha de barro, genuína expressão do artesanato brasileiro.
Na sequência, uma bela salada verde com figos carnudos, lascas de presunto cru e uma chuva de parmigiano.
A seguir, a coisa ficou bastante mais séria, por conta de uma costelinha de porco assada em baixa temperatura. Um belo corte transformado num colosso: a carne a desmanchar no garfo; a gordura, soberba e delicadamente, preenchendo todos os espaços. Solitária no prato. À parte, apenas um punhado de sensacionais batatas douradas. Nada mais era preciso.
Como pré-sobremesa, um sorvete artesanal de goiaba que era pura fruta. Algo como abocanhar uma goiaba madura e geladíssima.
A sobremesa do dia era um belo mil-folhas que não cheguei a experimentar. Porque pedi ao mâitre, no ato da reserva, se poderia intervir junto à cozinha e me conseguir um tal consommé de chocolate amargo com pele de leite e crocante de rapadura, que comi ali uma única vez e jamais tive a sorte de reencontrar. Pois lá estava ele à minha espera. Um tantinho menos admirável do que aquele que morava na minha memória (nada é páreo praquilo que a memória imortaliza), mas, ainda assim, uma beleza.
Pra encerrar, ao lado do famoso brigadeiro de colher, rapadura sublime, balas de mocotó, goiabada, canudinhos de doce de leite e umas balinhas de coco de Itabirito que são verdadeiras pérolas.
E estava tudo tão bom que o garçom percebeu que a disputa pelos últimos pedaços poderia ficar, digamos, pouco amistosa. E, gentilmente, trouxe mais alguns pra restabelecer a paz. A tal delicadeza que reside nos detalhes...
Roberta Sudbrack – Rua Lineu de Paula Machado 916 – Jardim Botânico
www.robertasudbrack.com.br/
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