Desde que estive no restaurante de Beto Pimentel em Salvador, não houve um único mês em que eu não pensasse: “preciso voltar àquele lugar”. Foram três anos assim. Finalmente, voltei. Pra minha felicidade, encontrei tudo exatamente como antes.
Beto tem um jeito muito próprio, muito original de fazer comida brasileira. Sua comida não se parece com nada que eu já tenha experimentado em qualquer outro restaurante na Bahia. O chef planta boa parte do que usa em sua cozinha, privilegia ingredientes que escapam ao óbvio e sabe tirar o melhor de cada um.
Antes de escolher os pratos, é obrigatório o percurso pela abundância de frutas que habitam sua cozinha e chegam à mesa sob a forma de frozens e caipirinhas – que não são exatamente caipirinhas: feitas a partir de uma espécie de sorbet, ficam incrivelmente cremosas. A vontade é experimentar todas. Entre os frozens, fiquei com o de sapoti, fruta que minha mãe me ensinou a amar ainda pequena. Quanto às caipirinhas, até agora tenho dificuldade em saber se gostei mais da de mangaba ou da de umbu-cajá...
Seguimos, então, com uma porção de siri-mole (que podia estar mais leve, menos gorduroso), acompanhada de farofa na manteiga de garrafa e um molho de pimenta que era uma delicadeza, feito com malagueta, pimenta de cheiro, pimenta em pó, tomate e biri-biri.
Era grande a vontade de me aventurar por pratos que ainda não havia experimentado, mas não pude deixar de voltar à moqueca. Simplesmente porque é a melhor que já comi. Depois de revisitá-la, mantenho a opinião. Nem sei se é apropriado chamar de moqueca porque a receita de Beto subverte maravilhosamente a tradicional. Tem pitanga, amora, flor de vinagreira, maturi, biri-biri, pimenta biquinho, fruto do dendê. O chef recriou o prato, ousou fazê-lo diferente de tudo o que há por aí e o resultado é tão bem-sucedido que faz qualquer moqueca que você venha a provar depois perder muito da graça. Ao menos, tem sido assim comigo desde que lá estive pela primeira vez...
Saí do Paraíso Tropical com a mesma sensação que me deixou a visita anterior: há poucos restaurantes que me façam mais feliz no Brasil.
Paraíso Tropical – Rua Edgar Loureiro, 98-B (segunda travessa à esquerda da Nossa Senhora do Resgate) - Cabula - Salvador
http:/www.restauranteparaisotropical.com.br/
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